Para conhecer a história do imponente edifício que atualmente alberga o SDivine Fátima Hotel, Congress & Spirituality é preciso contar a história de uma Congregação religiosa católica que na década de quarenta se instalou em Portugal, a Congregação do Verbo Divino, fundada em 1875 em Steyl, na Holanda.
Foi pelas mãos do padre alemão Arnaldo Janssen que nasceu a Congregação do Verbo Divino, em Steyl, na Holanda, no ano de 1875. Desde a sua génese que a missão da Congregação passa, sobretudo, pela dedicação aos mais pobres e marginalizados e nesse sentido, reunidos em comunidades internacionais e multiculturais, tem vindo ao longo dos anos a fomentar o espírito e a responsabilidade missionária. Foi a partir do Seminário das Missões, fundado em Steyl, que nasceram os vários Seminários do Verbo Divino espalhados um pouco por todo o mundo. Esta comunidade religiosa e missionária de leigos e clérigos, conta com mais de 6.000 membros, de mais de 50 nacionalidades e continua a crescer.
Com dois objetivos muito claros, contribuir para uma maior consciencialização missionária do povo português e promover as vocações missionárias, os missionários do Verbo Divino instalam-se em Portugal em 1949 e depressa estenderam a sua presença a vários pontos do nosso país. Depois dos primeiros seminários em Tortosendo e Guimarães, Fátima foi o local escolhido para a construção da terceira casa da Congregação que, entre outras valências importantes, viria a ser a sede do governo da Congregação em Portugal. Os vários edifícios da Congregação, apelidados durante muitas décadas de Casas Missionárias, tiveram como meta principal a preparação e o envio de Padres e irmãos para territórios de missão.
Ao contrário dos outros dois seminários da Congregação que já existiam, Tortosendo e Guimarães, a construção do edifício em Fátima não obteve apoio financeiro do Estado. Apesar do esforço acrescido para a Congregação, esse facto conferiu a autonomia e a independência necessárias para a implantação de um edifício muito sólido, onde se puderam utilizar materiais nobres, até então pouco usados nas construções da zona de Fátima, o que com a intervenção técnica da administração publica não teria sido possível.
As obras em Fátima decorreram num período relativamente curto e a 13 de maio de 1953, D. Francisco Hoowarts, bispo da diocese de Tsaochowfu, China, benzia a primeira pedra do novo Seminário de Fátima. A pedra com a inscrição “Maria a Casa é tua” assinalava o novo espaço como casa missionária Mariana e ainda hoje se encontra no pórtico da portaria do edifício.
A 21 de setembro de 1954 o Seminário de Fátima começava o seu primeiro ano letivo, depois de no dia 8 do mesmo mês, os 10 primeiros noviços da Congregação em Portugal ali terem tomado o hábito.
Em 1955, quando as obras estavam já particamente concluídas, no Seminário vivia-se um momento de particular importância: a 13 de maio foi colocada no frontispício do Seminário uma imagem de Nossa Senhora, com cerca de duas toneladas.
Nos dias 1 e 2 de junho de 1956 assinalava-se então a inauguração solene da casa de Fátima, um acontecimento preparado e vivido de uma forma intensa em que o bispo auxiliar de Leiria, D. João Pereira Venâncio, esteve presente e presidiu à cerimónia de sagração da capela e os respetivos altares.
Desde o início que a especificidade do local apontava para a possibilidade duma atividade mais diversificada para o edifício de Fátima. Muitos peregrinos e outros grupos da Igreja procuravam a casa para pernoitar, assim, ao longo dos anos o espaço foi sofrendo várias alterações no sentido de responder da melhor forma àquela necessidade, tornando-se num espaço cada vez mais acolhedor sem, no entanto, se deixar descaraterizar.
A casa de Fátima, que por décadas conhecera o fluxo de alunos das outras casas que para ali se dirigiam para terminar os seus estudos humanísticos, acabou por acolher na década de oitenta apenas os alunos do complementar; manteve-se ainda como internato até 1989. Nesse ano encerrava-se um ciclo que tinha tido o seu início no fim do Verão de 1954 e a totalidade dos alunos ali existentes foram deslocados para o Seminário de Guimarães.